11 de novembro de 2009

PARA NUNCA MAIS A GUERRA

Este poema andava perdido entre os papéis e velhos textos. Devia ter sido o primeiro poema a publicar neste blogue, porque foi ele a razão do seu apareceimento. Mas nunca é tarde e neste dia de celebração (Dia da Independência) não fica mesmo nada mal lembrar, novamente e sempre-sempre: PARA NUNCA MAIS A GUERRA!


Meninos de Tombwa




Viajando pelo vento dos tamarindeiros
procuro o secreto caminho
que há-de conduzir nossos passos
trôpegos e cansados
à glória de um Futuro brilhante.




Mas, ainda à sola dos nossos pés,
sujos e gretados
gruda-se o lodo informe dos mortos,
um lodo fétido gruda-se
também às nossas almas
rotas e cansadas.
Inda se ouvem os gritos
dos meninos amputados
das mulheres desventradas
e o lodo traz os tanques fantasmas,
cicatrizes disformes,
abandonados e queimados.
Caminhamos... devagar ainda
e os cemitérios de guerra
florescendo no altar dos nossos olhos
bordados de cruzes
no calcanhar triste da picada.
Vamos, irmão, esquecer o passado triste
mas num grito que não se cale nunca
para não fazer esquecer:


PARA NUNCA MAIS A GUERRA!


 
Namibiano Ferreira

9 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns!

Fica fácil sentir todo o sentimento que está entre as palavras.

Adicionei seu blog à minha lista de blogs preferidos.

At+

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Anderson, obrigado pela visita e pelas palavras.
Kandandu

Rosita de Palma disse...

Bom dia Namibiano,

Passei por aqui...e gostei.

Kandandu.

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Rosa, é para mim uma honra que tenha gostado.
Kandandu

Madalena disse...

Palavras profundas, Namibiano, de trágica e sentida poesia..."e os cemitérios de guerra florescendo no altar dos nossos olhos bordados de cruzes no calcanhar triste da picada..." Belíssimo! Em adesão plena ao grito que não se cale nunca para que a memória não esmoreça,
Kandandu.

DECIO BETTENCOURT MATEUS disse...

Gosto deste estilo de escrita. Gosto-te neste estilo, mano. Já antes disse faz-me lembrar um Aires de Almeida Santos. E o grito do "Para Nunca Mais a Guerra", é afinal o grito que andamos a gritar eternamente!

Kandandu.

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Madalena, obrigado pelo comentário. As suas visitas sao deveras apreciadas.
Kandandu

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Décio, obrigado! O mestre (Aires Almeida Santos) sempre acaba, de alguma forma, por transparecer á flor da poesia do discípulo.
Kandandu

Unknown disse...

A guerra é realmente de uma atrocidade e irracionalidade atroz.Deus abençoe Angola e todos os seus filhos.bjs