22 de outubro de 2007

Independência e Guerra Civil (1975 - 2002)







Na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de abril de 1974), abriram-se perspectivas imediatas para a independência de Angola. O novo governo revolucionário português abriu negociações com os três principais movimentos de libertação (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor, Janeiro de 1975).

A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, a 11 de Novembro de 1975, já os três três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controlo do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.

A União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e algumas outras regiões da costa, nomeadamente o Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de outubro de 1975). A África do Sul apoiava a UNITA e invadiu Angola (9 de Agosto de 1975). O Zaire, que apoiava a FNLA, invadiu também este país, em Julho de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul.

Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.

Em Outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista unipartidário.

O Brasil rapidamente estabeleceu relações diplomáticas com a nova República que se instalara. Fez isso antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Nenhum país ocidental ou mesmo africano seguiu o seu exemplo. A decisão de reconhecer como legítimo o governo de Agostinho Neto foi tomada pelo então presidente Ernesto Geisel ainda em 6 de novembro, antes da data oficial de Independência de Angola.

Já em 1976, as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul.

No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonaram este país entre 1974 e 1976, o que agravou de forma dramática a situação económica.

Em Maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado, que foi afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido marxista-leninista, adoptando o nome de MPLA-Partido do Trabalho.

A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.

Agostinho Neto morreu em Moscovo a 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.

No início da década de 1980, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infra-estruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não páravam. Em agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.

A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses.

Em fins de abril de 1990, o governo de Angola anunciou o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar-fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o Chefe de Estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelerou o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de Maio de 1991, o governo publicou uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos sairam de Angola.

Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebraram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminando com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte.

As eleições de setembro de 1992, deram a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconheceu os resultados eleitorais. Quase de imediato sucedeu-se um banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado, primeiro em Luanda, maas alastrando-se rapidamente ao restante território.

A UNITA restabeleceu primeiramente a sua capital no Planalto Central com sede no Huambo (antiga Nova Lisboa), no leste e norte diamantífero.

Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.

Em novembro de 1994, celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.

Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA, com este movimento a ter cada vez mais dificuldades em financiar as suas compras militares, perante o avanço no terreno das FAA, e dado o embargo internacional e diplomático a que se viu votada.

Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).

Com a morte do líder histórico da UNITA, este movimento iniciou negociações com o Governo de Angola com vista à deposiçãio das armas, deixando de ser um movimento armado, e assumindo-se como mera força politica.


Fonte: Wikipedia

21 de outubro de 2007

ARMA QUIMICA BIODEGRADAVEL


CONTRA A GUERRA, VALE TUDO!!!
Arma quimica natural e biodegradavel, nao mata mas desmoraliza...

17 de outubro de 2007

EU SOU



A guerra sou eu
e os que sendo soldados
desertaram…

A violência sou eu
e os que sendo violentos
amansaram…

A injustiça sou eu
e os que sendo cegos
enxergaram…

A cobiça sou eu
e os que cobiçando
se ofertaram…

A fome sou eu
e os que sendo famintos
comeram…

O poder sou eu
e os que sendo poderosos
enfraqueceram…

A prepotência sou eu
e os que sendo prepotentes
se humilharam…

A vida sou eu
e os que estando vivos
viveram…

A morte sou eu
e os que estando mortos
ressuscitaram…


Amélia Veiga (Angola)

8 de outubro de 2007

CICATRIZES DE GUERRA


Abandonados por todo o lado, nos beirais dos caminhos


soprados de verde-chuva sobre o vermelho das picadas,


jazem as cicatrizes latejando ainda memorias


talhadas no zunir dos ferros, engrenagens e murteiros...


a alma, assustada, esquece os gritos dos meninos, os clamores


perdidos, oracoes das mulheres, de seios mirrados


amamentando filhos ja mortos no futuro estupido


raiando sangue no quotidiano dos dias palidos


de Novembro florindo acacias-rubras sobre o chao


informe onde jazem mortos os filhos de mukayas tambem


elas ja mortas, apodrecidas... cicatrizes.





Namibiano Ferreira

7 de setembro de 2007

M Ã E S DE M A I O (de Angola)




É cedo demais para desistir!
É o clamor das mães por seus filhos
Na luta pela vida, pelo amor, Um direito!
Solidárias, decididas juntam-se a eles

Negam o direito enquanto abstracção
Buscam a essência do homem. Ser humano!
Sustentam-se em quimeras faraónicas
Na precariedade insolente do tempo

Da história retiram o imponente alento
Dos que sem posse e sem pompas
Limitados pela carne instigaram o amor
Deixando rastros e trilhas de sangue. Ódio!

Fogem do prazer descartado da libido
E o sepultam na sagacidade da alma
Da beleza de mulher e força de mãe
Apenas restam as marcas do tempo. Renúncia!

Em quimeras visitam os Mayombes
Kuymas, Késsuas e Kuanavales...
Tentam neles rebuscar sua essência. Sonho!
Mas ela se perdeu, aí não mais vive.

Cúmplices do tempo ainda buscam o direito
E é da recôndita sapiência da alma
Que ouvem o grito simultâneo de outros filhos:
“NÓS AINDA NÃO DESISTIMOS MÃE”.
Esperança!
©Ana Mathaya. In E.S 2002



“A semelhança das mães da Praça de Maio na Argentina, de nossa terra também se houve o clamor e a dor das mães, brigando pelo direito dos filhos, dos que ainda vivem, e daqueles cujos nomes a vida ofereceu ao anonimato e à história. Mas a própria história, um dia, far-se-á juiz do tempo, do direito, da vida...
...Ainda há esperança, e a esperança somos nós! MÃE ANGOLA!”
http://annamathaya.blogspot.com/

5 de setembro de 2007

MANDELA - A GREAT MAN ** UM GRANDE HOMEM






NELSON MANDELA QUOTES:


There is no easy walk to freedom anywhere.

Never, never and never again shall it be that this beautiful land will again experience the oppression of one by another.


If you want to make peace with your enemy, you have to work with your enemy. Then he becomes your partner.


Education is the most powerful weapon which you can use to change the world.


For to be free is not merely to cast off one's chains, but to live in a way that respects and enhances the freedom of others.



I detest racialism, because I regard it as a barbaric thing, whether it comes from a black man or a white man.


I dream of an Africa which is in peace with itself.




Nelson Mandela

HISTORIA DO PEDRITO DO BIE



22 de maio de 2007

25 de Maio - Dia de Africa


DEUS ABENÇOE ÁFRICA, HOJE E SEMPRE.
KI-KALE NGÓ!

14 de maio de 2007

MONANGOLA







Uma brisa dormente
assalta as consciências humanas
um menino grita
dilacerando a madrugada de mísseis e obuses:
- Tata morreu na guerra
- Aiuê tatauê!
- A fome comeu mamã
- Aiuê mamauê!
- Aiuêeee! Suku, meu Deus, Nzambi...


E a guerra
é só uma guerra
uma guerrinha só
matando, secando a Lavra.
Da guerra
colhemos guerra
a guerra tudo nos tira.
E a guerra
é só uma guerra
duma vontade só
parindo ngongo e sangue
e o País - obsidiado
e Monangola - exangue
ficam sem espera e destino
à beira do pó dos caminhos.


E mesmo no meio da guerra, foi então que se viu
o que não se vira antes:
Camaleões com asas vieram
lá do beco fundo da morte
e sobre o teu corpo negrinho
- inchado de vácuos de fome -
vieram pairando e sugando
com dentes afiados e garras-guerras
retorcidas.






Tata - pai


Suku - Deus (centro e sul de Angola)


Nzambi - Deus (norte de Angola)


Ngongo - Sofrimento


Monangola - Filho/crianca de Angola (mona + Angola)
NAMIBIANO FERREIRA

16 de abril de 2007

SILENCIO, POR FAVOR...
PALAVRAS DESNECESSARIAS!
SILENCE, PLEASE... NO WORDS NEEDED!














(Mutilados de guerra, a maioria ou talvez todas, de origem angolana.)



MINAS ANTI-PESSOAIS? NAO OBRIGADO! LANDMINES? NO THANKS!

PRENÚNCIOS DE GUERRA

Se Catedral do Kuito/Bie













Igreja no Huambo











Longe de mim
longe-longe
Na lonjura de Longondjo
Adivinhou-se o Futuro.

E ninguém, absolutamente Ninguém,
ACREDITOU...

E no entanto,o Padre do Longondjo,
Ainda grita:
Etxi ndavanguíle txeyá-pô!
(O que eu disse tornou-se realidade!)

NAMIBIANO FERREIRA



3 de abril de 2007

AINDA A GUERRA NAS MINHAS MÃOS




(Origem nao identificada - parece tratar-se da Serra Leoa - mas infelizmente tambem se aplica a Angola. Esta imagem dramatica gerou este poema.)
Autor da foto: desconhecido



Construimos a Paz subindo degrau a degrau a construção. E o homem vive ainda a guerra na encruzilhada perene dos dias que lhe faltam para que lhe cantem komba. Acabou a guerra e no entanto, ainda a guerra nestas minhas mãos que não vejo, nestas minhas mãos perdidas em vão numa guerra que nada vos custou, a vós, a não ser as minhas mãos irremediavelmente perdidas e, o prémio ganho, a dependência às mãos e à vontade alheia.

Komba - cerimonias funebres.
NAMIBIANO FERREIRA